terça-feira, 9 de setembro de 2008

DO LIVRO "AMIGOS PARA SEMPRE"


JOSE PAULA SILVA
Como tudo aconteceu...
A cerca de 02 anos, minha filha Patrícia descobriu na Internet uma nova e eficiente forma de comunicação. Não sabia que esse badalado Orkut fosse me levar de volta ao caminho que trilhei. Quando encontrei Marina Tomaroli, uma querida amiga que deixou em mim uma saudade imensa, pensei: é só o começo... Mergulhei fundo no Orkut e o resultado, surpreendentemente veio rápido. Em noventa dias, e lá estávamos nós. Com muita alegria e emoção, um grupo de amigos resgatados da adolescência, em 12 de Janeiro de 2008, se reunia em Curitiba para um grande jantar de confraternização. Era só o começo de uma grande chama que se acendia...
Eu, responsável direto, às vésperas de um novo reencontro, agora com uma
participação ainda maior de amigos, sinto uma vontade irresistível de voltar
ao passado onde tudo começou.
Começou em 1959, então com nove anos de idade, ainda não alfabetizado,
chegamos à Cianorte e fomos morar alí na rua Juruá quase esquina com Xingú, vila operária. As primeiras amizades já contemplava duas amigas conhecidas: Flora e Dora Lemos, brincávamos de salva nas tardes noites
pelas ruas da vizinhança. Cianorte não tinha limites, era toda nossa, incluia
os rios, os tanques de banhos, a mata com os pés de Jaboticaba. Só tinha
um dissabor: O Zé Lebre, um menino pra lá de malvado que usava suas atribuições físicas para nos maltratar, ora espancando-nos, ora tomando nossas “pipas”, era um estraga prazer.
Com dez anos, iniciei minha primeira série primária, lá no Itacilina. Algum tempo depois entendendo as letras fui atraído pelas matinees, pela troca
de gibis, pelas bolinhas de vidro, pelas figurinhas, pelo futebol de peladas. Como frequentar matinnes? - Custava dinheiro. - Colhi algodão, vendi garrafas vazias, engraxei sapatos, vendi pão nas madrugadas e “escolhi” café nas máquinas
Também usava métodos nada convencionais, um dia achei alguns blocos inteiros de ingressos jogados para queimar, ao lado do muro do cinema, quantia tanta, suficiente para entrar no cinema de graça por mais de ano.
E assim o fazia, até que um dia, seu Adélio me agarrou pelas mãos e pediu para chamarem o Juiz de Menor. Morrendo alí de vergonha, num descuido saí correndo e até hoje não me pegaram. Guardei essa façanha prá mim por 40 anos, achava ter cometido um pecado horroroso. Mas, recordar é maravilhoso, e agora que contei esse segredo para a Atoili Rossi, dei boas gargalhadas: ela me disse que fazia o mesmo e sua vergonha maior que a minha, pois o Odilon a jogou fora do Cinema.
As boas lembranças não esquecemos jamais, uma delas está marcada para
sempre, foi o dia que conheci o Ilustre e saudoso Albino turbay, pai do nosso
querido amigo Adolfo. Ele, pessoalmente me levou um convite para jantar
no Lendário CLUBE DOS VINTE E UM, havia eu tirado a melhor nota da formatura primária em 1963.
Apesar de viver intensamente minha infância e adolescência, fui um menino
extremamente tímido, quase sempre fazia minhas artes sozinho, mas muito
observador, conhecia a todos e tinha muita vontade de me relacionar, talvez
por isso a obsessão incontida que me levou à busca para rever um a um.
Que saudades!... dos cinemas, das brincadeiras, das peladas, dos amigos e e amigas, das quermesses...áh! as quermesses onde ia todos os sàbados
para ver a Terezinha Códolo, achava que estava apaixonado, mas ela nunca
soube.
Que saudades!... das missas domingueiras, e as passadas na Rádio Porta Voz para ver e ouvir Hilda de Souza, Catarina Maframaia cantar em dupla, (não me lembro o nome do menino) “Maria Chiquinha” e a linda Janina
Gwadera cantar “O que Será Será”, porque será lembro da letra até hoje?
Uma menina de personalidade marcante que conheci na “fila” da matinee, mais tarde minha colega de classe, Marina Tomarolli, jamais esqueci dela e agora, ao reencontrarmos, selamos para sempre nossa amizade.
Esse paraíso parecia interminável, até que um dia sem me dar conta já era
adulto. Fomos arrancados desse convívio e espalhados pelos caminhos da vida, caminhos sem volta. Durante esse tempo todo pensava um dia rever
um ou outro. De repente, vendo no Orkut a possibilidade de reencontrar nossa turma, mergulhei fundo. Vibrava de emoção quando encontrava um, depois mais um e mais um... Pouco mais de 30 dias de intenso garimpo, eis
que uma pepita de tamanho extraordinário surge: Cidinha Loreto, peça única do tabuleiro capaz de alavancar uma montanha de sentimos de amor e carinho, juntos chegamos ao tão sonhado objetivo, reunir os amigos de uma época de ouro de nossas vidas.
Aqui estamos, prontos para vivenciar com muita alegria em nossos corações,
um novo reencontro, com a certeza que do outro lado da vida, Edemar Basso, Nivaldo Moreto, Jorge Lourençone, Zinaldo, Misael Junior e Telma
Negri estarão torcendo por nós...

DO LIVRO "AMIGOS PARA SEMPRE"


ZILDA DOS SANTOS ESCROCARO
(09 anos de idade – foto tirada no Grupo Escolar Itacilina Bittencourt)
UM BREVE RELATO
Meu nome é Zilda dos Santos Scrocaro. Morei em Cianorte nos meados de
1954 até início de 1965, quando minha família mudou para Arapongas, onde
resido até hoje.
Sou casada e tenho dois filhos (um casal). Estudei no Grupo Escolar
Itacilina Bittencourt e no Ginásio Estadual de Cianorte.
Uma época muito feliz em minha vida. Conheci pessoas maravilhosas, que
deixaram muitas saudades.
Passei minha infância num paraíso: Cianorte – com um bosque maravilhoso
mata fechada, a areia branca que brilhava nas ruas nas noites de luar,
crianças brincando até tarde da noite e adultos conversando à frente das
casas e nos dias de chuva, a garotada se divertia na água limpa que corria
pelas ruas...Quantas lembranças boas!

DO LIVRO 'AMIGOS PARA SEMPRE


Era o início da década de 60. Meus pais chegaram em Cianorte trazendo na bagagem seus 14 filhos. Dentre eles, lá estava eu. Um garoto assustado, magro, cabelos loiros e olhos verde-azulados. Tinha então 9 anos.
Estudei no Colégio Evangélico, depois fiz admissão com a professora Antomilda e acabei fazendo o ginásio no Colégio La Salle. E foi ai, neste saudoso colégio, que vivi meus grandes momentos da pré-adolescência. Onde encontrei amigos que guardo até hoje no coração, na lembrança. E foram nesses anos que vivi meus grandes amores. Minha primeira namorada, meu primeiro beijo.
Os bailes no Clube Cianorte, Clube Português, Clube Japonês. As partidas memoráveis de Futebol de Salão, de Volley. As competições esportistas, vividas tanto em Cianorte como na cidade de Umuarama. Foram nessas competições que me sagrei campeão algumas vezes na modalidade do salto com vara.
Lembro, com uma saudade crescente, dos bailes nos três clubes da cidade.

Eram bailes regados a músicas suaves e dançantes, animados por orquestras, que nos embalavam os corações aos sons de canções inesquecíveis, e dos adoráveis e gostosos Cuba-libre e Hi-Fi. Quanta saudade.
Lembro, com emoção, a Lojas Vigorelli, Farmácia do senhor Daniel, do "seu" Nelson, a selaria do meu "sogro", "seu" João Gwadera. Nesta selaria tinha uma loirinha que mexia comigo, sempre que passava em frente. Falava ela: Oi, meu namorado! - E eu, vermelho de vergonha, continuava a caminhar sem coragem de olhá-la.
Lembro da Casa Matos, do Bar Cruzeiro, do Bar garotinho, Casas Buri, Casas Pernambucanas. Das lojas da família Nabhan. Da sapataria do "seu" Cavassin, do Bazar Kamei e do Armarinhos Cianorte. Lembro até mesmo do Salão da Rosa, onde as mulheres mais lindas do mundo corriam para fazer aqueles penteados enormes, regados a Laquê, que eram o meu martírio, pois quando a gente encostava o rosto, para dançar, a coceira vinha galopando, obrigando-me a tirar o rosto para coçar sem parar.
É difícil não se lembrar do Cine Cianorte e do Iguaçu. Ah! Foram nesses locais que protagonizei momentos de paixão, ternura, excitação e puro amor. Como era gostoso passear pelos corredores, esperando o filme começar e olhando para ver "onde" estaria aquela com quem iria sentar.
E se tivesse sorte, pegar, escondido, em suas mãos, para depois, em casa, ficar cheirando-a e sentir os deliciosos perfumes, que nos embriagavam de paixão e iniludível amor. Isto sem contar os furtivos beijos, na face, da bela garota ao nosso lado. Quantas emoções.
A chuva em Cianorte era uma alegria a parte para nós, jovens destemidos e alegres navegantes. Pois as ruas, cobertas de areia, acabavam empossando as águas, e transformavam-se em verdadeiros rios e mares nunca dantes navegados. E nos dias de sol, andar de bicicleta, por aquele areia, era um belo e gostoso desafio. Só os mais ágeis e fortes, conseguiam. E lá íamos, valentes Dons Quixotes, montados em suas Monark´s ou Caloi´s, a desafiar os moinhos transformados em areias.
Foi na A Confortável, loja de calçados que meu pai comprou do saudoso e querido senhor Donda, que vivi meus momentos de trabalhador infantil. Pois com 10 anos, já auxiliava papai e meus irmãos mais velhos, no atendimento aos fregueses. Foi nesta época que aprendi o ofício de costurar bolas de capotão (como eram chamadas as bolas de futebol), e a pregar solas de sapatos.
Ao lado da nossa Loja, tinha o Hotel Cianorte, da família Nasser, que possuia um lindo quintal, onde nós, os garotos da época, brincávamos de mocinho e bandido, futebol e pega-pega.
É muito delicioso lembrar do Tanque do Noboro, da Biquinha, do campo na esplanada, onde o time do Salaciéu, dominava absoluto, imbatível. Enquanto que o famoso e inesquecível Cafezinho, dominava no estádio principal da cidade, que hoje leva o nome de meu saudoso pai.
Como esquecer o Ginásio estadual, ao lado da casa do senhor Motta. Daquelas duas barras de ferro, que conectadas do chão à haste de madeira, numa altura de três metros, desafiavam nossos brios de atletas? Do Cianortense, que tinha a melhor cancha de futebol de salão e campo de futebol, para a prática desses esportes? E do meu querido La Salle, dos queridos professores, irmão José, Bertílio, Izidoro, Amadeu, Antônio, e dos professores Guerino Nardo, Alanir, Sato, entre outros, sem deixar de nominar meu saudoso pai, Albino Turbay, onde aprendi normas que nortearam e norteiam até hoje minha vida. Respeito, amor, carinho, fraternidade, dignidade e o prazer pelo estudo.
Esses são meus valores materiais. Valores que levarei para todo o sempre em meu coração. Mas não posso deixar de lembrar dos valores espirituais. Dos valores que entronizados em minha alma, perpetuarão para sempre em meu ser. Os valores de meus amigos e das minhas amigas.
019
Como vou esquecer de Toloi, João Dias, Matias, João Evangelista, João Maria, Eduardo, Dalla Costa, Edmervan, Edmilson, Orlando, José Luis, Choquinho, Tininha, Damaris, Dagmar, Orlete, Betona, Edilucia, Edileusa, Candinha, Tânia, Ana, Fernanda, Célia, Isabelzinha, Célia Kanô, Gracinha, Eustáquia, Janina. Dos dois, que juntos comigo formamos o trio estadual: Roberto Urbano e Marcos Oliboni. Como não lembrar de Claudinho, Gesner, Robertão, Marcos pelissari, Soninha Pasiani, Sueli, Sony, Solange e Airton Pétris, Cidinha e Carlito e de tantos outros que lembro com saudade e carinho. Meu Deus, como é bom lembrar, tirar do refolho da alma esses momentos de mais puro prazer. Zoiro, Ademir, Calejas, o saudoso Nivaldo, Edmar Basso, os bacons, os Comar. Como não me lembrar do cara que achou minha letra grande? Não é mesmo José Paula? Nominar a todos é impossível, pois são tantos a povoar nossos sonhos, nosso baú de recordação, que nos perdemos no mar de nomes e rostos a bailar em nosso imaginário, e que ficam empanados nas lágrimas vertidas, pela saudade.
Saí de Cianorte em 1970 e vim correr mundo. Casei, divorciei, tenho 4 filhos. Sou formado em Engenharia de Sistemas, Administração e Bioterapia. Pós-graduado em Informática. Professor, palestrante e escritor. Moro atualmente em Curitiba. E me sinto o mais feliz dos seres, pois sou Cianortense.
Adolfo Santos Turbay,
Filho de Albino Santos Turbay e Alice Santos Turbay