Bem mais do que você imagina Janina. Bem antes de você me conhecer, eu já a conhecia...
Eu devia ter dez anos e você sete. Em 1960, aos Domingos por volta das dez horas da manhã, na rua de minha casa, onde brincávamos com outras crianças, ouvíamos o cantar de meninos e meninas transmitido pela Radio Porta Voz. Então a Cristina falava assim: - E com vocês agora...Janina Gwadera!!!!
E as crianças junto a mim diziam: Essa Janina é linda!!!.
No mesmo instante, parava de brincar e prestava mais atenção à música, e a Janina cantava: Que será...será....Cantava outras músicas também, como Filme Triste, mas Que será..será...foi a que mais me marcou.
Desse domingo em diante, quase todos os domingos eu estava lá para ver de perto a menina que todos achavam linda. Eu, a achava mais linda ainda...Posso dizer, que a partir daí nasceu um amor platônico.
Ficava triste e preocupado quando algum domingo ela não comparecia para cantar.
Um dia, resolvi segui-la para descobrir onde morava, assim quem sabe poderia vê-la mais vezes. Após o Programa na Radio, à uns 50 passos atrás, lá estava eu. Nesse dia, ela parou e entrou numa Selaria, (não era comum aberta aos domingos), mas nesse dia estava. Demorou quase meia hora, depois fiquei sabendo que a Selaria era do pai dela, João Gwadera. Não desanimei, assim que ela retomou seus passos, meio que de longe eu a acompanhava. Enfim, após quase meia hora de caminhada, a Janina entrou numa casa, claro a sua casa. Era ali na Av Maranhão esquina com a Av Rio Branco.
Eu morava na Vila Operária, e o caminho em direção ao centro da Cidade não era aquele, mas eu, quando ia para o centro, mesmo dando volta, eu passava por ali na esperança de vê-la. A verdade é que nunca a via. Fiz o curso para a primeira comunhão junto com ela, mas nunca tive a coragem de abordá-la e dizer Bom Dia!
Lembro-me um dia, após o término do curso da primeira comunhão, lá no Itacilina Bitencourt, a Janina saiu chorando, então um garoto entre mim e ela, o Dorival Volpato, tirou do bolso um lenço e deu a ela para se enxugar...
Queria tanto falar com ela, mas não tinha coragem, enquanto isso sonhava com ela, pensava nela,,,
Já sabia onde estudava e que estava na mesma serie que eu. Um dia, de manhã, ao passar por um salão comercial de duas portas que tinha ali na praça da rodoviaria, (posteriormente esse salão foi comprado por meu pai que me deu de herança) vi a Janina, ela estudava ali, acho que era na terceira série primaria.
Esperava que um dia fôssemos colegas da mesma classe, sonhava com isso....
Quando eu estava na quarta série primária, soube que a Janina ia ser a Branca De Neve do teatro que estava para se realizar, quem me dera ser o príncipe!
Em 1964 entrei para o ginásio e minhas esperanças de ver a Janina mais de perto aumentaram. Estudávamos no mesmo horário, mas em classe diferentes, confesso que sentia inveja dos colegas da mesma classe dela.
Nas férias deste ano, fui para São Pedro do Ivaí colher cafe no sitio de uma prima de meu pai. De manhã, por voltas das 06:00hs, Dna Nenê, a prima, ligava o rádio para ouvir um programa sertanejo da Radio de Maringá, e numa dessas manhãs, o locutor disse: " E agora, as cartinhas das fãs do Waldemar das Meninas".
- Meu nome é Janina Gwadera, sou teu fã e gostaria de ouvir ...(não me lembro mais o nome da música que a Janina pediu). O fato é que pensei: Se o Waldemar das Meninas souber o quanto a Janina é linda, perderei-a para sempre.
Finalmente, a partir do Terceiro ano ginasial, pude estudar na mesma classe da Janina. Muito tímido, quase não conversávamos, apenas cumprimentos. Um dia comprei um bilboquê, (sabia que ela gostava de bilboquê) e antes do inicio da aula dei-o para ela brincar. Enquanto a Janina jogava bilboquê, eu distraidamente ficava admirando-a de bem pertinho, sentia até o cheiro e o sabor do chocolate que acabara de degustar, tinha vestígios em seus lábios. De repente, entre nós, surgi dona Juvir, a diretora e de supetão arranca das mãos da Janina nosso instrumento de alegria. Perdi o bilboquê, mas ganhei a simpatia da menina mais linda que conheci.
Um dia, ao fazer um trabalho de classe, aula de ciencias, A Janina sentou-se ao meu lado e quando o professour Iraimo adentrou à sala, nos viu juntinhos, disse num tom, talvez irônico, talvez amável:
Esse casal combina. Nunca vou saber o que a Janina sentiu, mas eu me senti como um Rei.
Em 1967, já quase no final do ano, fomos a um piquinique. Domingo, bem de manhã, meu irmão Eduardo e eu compramos mortadela suficiente para 02 pães e um caminhão de carroceria aberta nos levou. Quando vi a presença da Janina, meu coração pulsou mais forte, então fomos naquela carroceria lotada, passamos por Engenheiro Beltrão até chegarmos ao rio da Varzea. A poeira ingerida no trajeto não foi suficiente para tirar nossa alegria. Perto do rio havia uma Venda, onde compramos soda limonada e assim nossa refeição estaria completa. Enquanto alguns assavam salsichas e até mesmo carne, (a comida era individual) meu irmão e eu saboreávamos sanduiche de mortadela. Acho que a partir daí passei a gostar muito de mortadela, muito embora quase não se acha mais mortadela de boa qualidade.
Ao cair da tarde, um acidente quase tornou tragico esse nosso dia, uma das meninas, filha do dono da Selaria e Sapataria que havia perto do Ginasio, afogou-se e quase perdeu a vida.
Nesse Piquinique, incluindo a Janina estavam dois amigos que nunca vou esquecer: Jorge Lourençone e Edmar Basso, que infelizmente não estão mais entre nós.
Tambem participei de uma excursão à Praia de Caiobá, no final de 1967, após nossa formatura ginasial. Passamos por Curitiba, e na volta por Vila Velha. Embora sem compartilhar das atençoes da Janina, ela sempre estava acompanhada e disputada.
Ainda fizemos o Cientifico juntos, e a partir de 1970 tomamos rumos diferente. Depois disso, vi a Janina em 1985, acho. Conversamos um pouquinho dentro de um supermecado em Cianorte.
Quase 40 anos depois, em Janeiro de 2008, na festa do reencontro AMIGOS PARA SEMPRE, vi a Janina, jantamos todos juntos e ainda fomos dançar...
Curiosamente, hoje ao sair do trabalho, por voltas das 17:00hs passei na padaria, comprei pães franceses ainda quentinhos, e me veio a mente uma vontade de comer sanduiche de mortadela. Tinha Cerati, (a melhor), então comprei 200 gramas e fui para casa. enquanto saboreava, lembrava do piquinique. Liguei meu PC, assessei o Blog e me deu uma vontade incontrolavel de escrever....
Janina, preciso vê-la novamente...
C
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
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