TRECHOS DO LIVRO "AMIGOS PARA SEMPRE"
-“Zé, espera! Não edita ainda o livro, espera por mim! Há pouco resolvi, num ímpeto, que também vou rabiscar algumas linhas sobre as minhas lembranças de Cianorte... que são tantas, aliás!... Do tempo do Ginásio... e de antes ainda! Posso?
Eu sou a Janina Gwadera, a Nina, aquela que morava na Avenida Maranhão, 709, a filha do meio do Seu João e da dona Maria, aqueles poloneses que costumavam jogar xadrez em casa, irmã da Cristina e da Irene, lembra?
Morava abaixo da linha férrea, em frente à esplanada – aquele morro enorme onde até avião já pousou num terrível dia de chuva, há muuuuuitos anos atrás, bem antes ainda de eu ir para o ginásio; cujas ruas eram tão esburacadas que o destino da maioria dos jipes era cair neles e daí serem tirados pelo auxílio de caminhões carregados de toras (como se desmatava naquele tempo!) e, sabe Zé... me lembro que um dia bem na frente da minha casa
num destes buracos caiu um caminhão e de suas portas escancaradas uma montanha de goiabadas saborosas, tão
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certinhas, quadradinhas , caíram para fora para alegria do povo da Vila Operária! Eu também corri até lá, fiz da saia do vestido um avental e saí feliz carregando algumas mas o Seu João me fez devolvê-las imediatamente! -“Isto tem dono! Não se deve tirar nada de ninguém!”
Zé... acho que fui a única criança da Vila a não comer goiabada naquele dia!
Naquela avenida eu cresci ladeada pelos filhos do Seu Miguel Novaes Sena, sua mulher, a dona Bela (que aprendeu a tabuada cantada na Bahia), e seus filhos João, Izaura, Izauri, Jackson, Jaime, Di e a Dulce que era a sobrinha criada no Rio de Janeiro. Foi com elas ainda crianças que aprendi histórias de assombração
e também a fazer bandeirinhas coloridas e assar batatas nas enormes fogueiras cuidadosamente preparadas durante todo o dia para comemorar a noite de São João após dias de novena rezada na sala deles diante de tantos santos, mas, lembro-me bem, os que mais se destacavam eram Santo Antonio e São Cristóvão. Só corria dos busca-pés, soltados pelo Jackson que era o terror da vizinhança. Foi ali que aprendi a escutar as histórias da ex-escrava vó Pida que tinha um papagaio que cantava o Hino Nacional e a gostar do som dos tambores que tocavam atrás da cerca da minha casa, invocando todos os Orixás.
Foi na Avenida Maranhão que vi os primeiros postes de luz surgirem repentinamente e trazer uma claridade maravilhosa para todos aqueles que já gostavam de sentar-se à luz do luar na frente de suas casas. Foi ali, nesta mesma avenida que aprendi a andar de bicicleta com a amiguinha Fátima Virgínia Manfrinato, a primeira criança nascida em Cianorte. Pobres joelhos! Pobres cotovelos!.
Foi dali que saí para estudar na Escola Itacilina Bittencourt...e ah, foi dali também que saí para descobrir o que seria aquele prédio que estavam construindo na frente da Igreja Matriz: - “Rádio? E como vai entrar todo o mundo ali dentro?” O milagre da comunicação chegava a nossa cidade através das mãos do seu Salvador Garcia, o seu proprietário.
Rádio Porta Voz de Cianorte! Programa Cinderela Infantil! Cantei lá durante anos... Puxa! Comecei com “Quero beijar-te as mãos” de Anísio Silva e cheguei até a repartir o trono com sumidades como
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Catarina Mafra Maia! Lembra-se, Zé, da música : -“Fiiiiiiiilme triste!” Meu-bro-to-me-a-vi-sou-quia-es-tu-dar... Ai, ai, ai, ai...!”
Primeiro lugar! Primeiro lugar! Aplausos! Trono, sodinha Gold Scrim, tinteiro para caneta Piloto e ingresso para assistir filme do Oscarito e Grande Otelo ou Zorro! Sonho de consumo!
4 comentários:
Sabe o que muito bom saber, que todos nós fizemos parte de um tempo maravilhoso, que na verdade não passou ... é uma Ilha, uma ilha sólida e viva, mas que se move... no meio do oceano de nossas vidas ....carregando nossas emoções para lá e para cá...
Em janeiro nos levou a Curitiba...em Julho vai atracar em Cianorte....
O que a modéstia da Janina, não lhe deixou contar, foi que ela foi mis jogos da primavera, num momento mágico que vivemos em Umuarama. Numa das fotos que o Diniz enviou, estamos todos de caras pintadas, chegando dos jogos, onde a Janina esta bem no centro, com a merecida faixa.
Um abraço a todos, infelizmente não poderei comparecer, mas tenho certeza que o encontro será simplesmente...inesquecível
Erminio Alves de Lima Neto.
São Paulo - Capital
É verdade Ermínio, ela não me contou...mas eu já sabia, e esta foto a que se refere, só não coloquei na página do relato dela (no livro), porque o Diniz colocou no relato dele...
Nina, meu nome é Mercimery Lucia Grilo, na época me chamavam Micimery ou Lucia Grilo, eu tambem cantei nesta rádio neste programa na epoca que eu cantava e cheguei a ganhar algumas vezes cantando Angela Maria e Libertad Lamark a Cararina Mafra Maia, quase não participara mais , era a convidfada pois ganhava sempre, isso eu tinha 12 anos e estudava no Colegio das Freiras, terminando o quarto ano.Meu Pai Tinha o AÇougue Parana, que era dos Tezelli e depois dos Zanata. o apelido dele era Gato. o nome Alberto Paschoal Grillo. Oh Jesus quantas saudades, hoje sou escritora evangelica e vivo em Foz do Iguaçu .meu e mail
mercimerilucia@hotmail.com. ate um dia.
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