ADOLFO SANTOS TURBAY
Era o início da década de 60. Meus pais chegaram em Cianorte trazendo na bagagem seus 14 filhos. Dentre eles, lá estava eu. Um garoto assustado, magro, cabelos loiros e olhos verde-azulados. Tinha então 9 anos.
Estudei no Colégio Evangélico, depois fiz admissão com a professora Antomilda e acabei fazendo o ginásio no Colégio La Salle. E foi ai, neste saudoso colégio, que vivi meus grandes momentos da pré-adolescência. Onde encontrei amigos que guardo até hoje no coração, na lembrança. E foram nesses anos que vivi meus grandes amores. Minha primeira namorada, meu primeiro beijo.
Os bailes no Clube Cianorte, Clube Português, Clube Japonês. As partidas memoráveis de Futebol de Salão, de Volley. As competições esportistas, vividas tanto em Cianorte como na cidade de Umuarama. Foram nessas competições que me sagrei campeão algumas vezes na modalidade do salto com vara.
Lembro, com uma saudade crescente, dos bailes nos três clubes da cidade.
Eram bailes regados a músicas suaves e dançantes, animados por orquestras, que nos embalavam os corações aos sons de canções inesquecíveis, e dos adoráveis e gostosos Cuba-libre e Hi-Fi. Quanta saudade.
Lembro, com emoção, a Lojas Vigorelli, Farmácia do senhor Daniel, do "seu" Nelson, a selaria do meu "sogro", "seu" João Gwadera. Nesta selaria tinha uma loirinha que mexia comigo, sempre que passava em frente. Falava ela: Oi, meu namorado! - E eu, vermelho de vergonha, continuava a caminhar sem coragem de olhá-la.
Lembro da Casa Matos, do Bar Cruzeiro, do Bar garotinho, Casas Buri, Casas Pernambucanas. Das lojas da família Nabhan. Da sapataria do "seu" Cavassin, do Bazar Kamei e do Armarinhos Cianorte. Lembro até mesmo do Salão da Rosa, onde as mulheres mais lindas do mundo corriam para fazer aqueles penteados enormes, regados a Laquê, que eram o meu martírio, pois quando a gente encostava o rosto, para dançar, a coceira vinha galopando, obrigando-me a tirar o rosto para coçar sem parar.É difícil não se lembrar do Cine Cianorte e do Iguaçu. Ah! Foram nesses locais que protagonizei momentos de paixão, ternura, excitação e puro amor. Como era gostoso passear pelos corredores, esperando o filme começar e olhando para ver "onde" estaria aquela com quem iria sentar.E se tivesse sorte, pegar, escondido, em suas mãos, para depois, em casa, ficar cheirando-a e sentir os deliciosos perfumes, que nos embriagavam de paixão e iniludível amor. Isto sem contar os furtivos beijos, na face, da bela garota ao nosso lado. Quantas emoções.
A chuva em Cianorte era uma alegria a parte para nós, jovens destemidos e alegres navegantes. Pois as ruas, cobertas de areia, acabavam empossando as águas, e transformavam-se em verdadeiros rios e mares nunca dantes navegados. E nos dias de sol, andar de bicicleta, por aquele areia, era um belo e gostoso desafio. Só os mais ágeis e fortes, conseguiam. E lá íamos, valentes Dons Quixotes, montados em suas Monark´s ou Caloi´s, a desafiar os moinhos transformados em areias.
Foi na A Confortável, loja de calçados que meu pai comprou do saudoso e querido senhor Donda, que vivi meus momentos de trabalhador infantil. Pois com 10 anos, já auxiliava papai e meus irmãos mais velhos, no atendimento aos fregueses. Foi nesta época que aprendi o ofício de costurar bolas de capotão (como eram chamadas as bolas de futebol), e a pregar solas de sapatos.
Ao lado da nossa Loja, tinha o Hotel Cianorte, da família Nasser, que possuia um lindo quintal, onde nós, os garotos da época, brincávamos de mocinho e bandido, futebol e pega-pega.
É muito delicioso lembrar do Tanque do Noboro, da Biquinha, do campo na esplanada, onde o time do Salaciéu, dominava absoluto, imbatível. Enquanto que o famoso e inesquecível Cafezinho, dominava no estádio principal da cidade, que hoje leva o nome de meu saudoso pai.
Como esquecer o Ginásio estadual, ao lado da casa do senhor Motta. Daquelas duas barras de ferro, que conectadas do chão à haste de madeira, numa altura de três metros, desafiavam nossos brios de atletas? Do Cianortense, que tinha a melhor cancha de futebol de salão e campo de futebol, para a prática desses esportes? E do meu querido La Salle, dos queridos professores, irmão José, Bertílio, Izidoro, Amadeu, Antônio, e dos professores Guerino Nardo, Alanir, Sato, entre outros, sem deixar de nominar meu saudoso pai, Albino Turbay, onde aprendi normas que nortearam e norteiam até hoje minha vida. Respeito, amor, carinho, fraternidade, dignidade e o prazer pelo estudo.
Esses são meus valores materiais. Valores que levarei para todo o sempre em meu coração. Mas não posso deixar de lembrar dos valores espirituais. Dos valores que entronizados em minha alma, perpetuarão para sempre em meu ser. Os valores de meus amigos e das minhas amigas.
Como vou esquecer de Toloi, João Dias, Matias, João Evangelista, João Maria, Eduardo, Dalla Costa, Edmervan, Edmilson, Orlando, José Luis, Choquinho, Tininha, Damaris, Dagmar, Orlete, Betona, Edilucia, Edileusa, Candinha, Tânia, Ana, Fernanda, Célia, Isabelzinha, Célia Kanô, Gracinha, Eustáquia, Janina. Dos dois, que juntos comigo formamos o trio estadual: Roberto Urbano e Marcos Oliboni. Como não lembrar de Claudinho, Gesner, Robertão, Marcos pelissari, Soninha Pasiani, Sueli, Sony, Solange e Airton Pétris, Cidinha e Carlito e de tantos outros que lembro com saudade e carinho. Meu Deus, como é bom lembrar, tirar do refolho da alma esses momentos de mais puro prazer. Zoiro, Ademir, Calejas, o saudoso Nivaldo, Edmar Basso, os bacons, os Comar. Como não me lembrar do cara que achou minha letra grande? Não é mesmo José Paula? Nominar a todos é impossível, pois são tantos a povoar nossos sonhos, nosso baú de recordação, que nos perdemos no mar de nomes e rostos a bailar em nosso imaginário, e que ficam empanados nas lágrimas vertidas, pela saudade.
Saí de Cianorte em 1970 e vim correr mundo. Casei, divorciei, tenho 4 filhos. Sou formado em Engenharia de Sistemas, Administração e Bioterapia. Pós-graduado em Informática. Professor, palestrante e escritor. Moro atualmente em Curitiba. E me sinto o mais feliz dos seres, pois sou Cianortense.
Adolfo Santos Turbay,
Filho de Albino Santos Turbay e Alice Santos Turbay
sábado, 24 de outubro de 2009
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6 comentários:
eu sou thais de cianorte tenho 9 anos adorei o livro do sthepane aaron e tenho o orgulho de pedir para o senhor escrever a segunda parte do seu maravilhoso livro do stephane aaron
Adolfo, muito bom saber por onde andas e principalmente que tudo está bem com você. Cheguei em Cianorte em 1957, com sete anos de idade. Tenho boas lembranças do Sr. Albino, sempre elegante e cordial com todos. Você e seus irmãos, ainda garotos na época, eram referência para os jovens da mesma idade. Educados, respeitosos e sempre participando da vida da cidade. Um grande abraço.
Antonio Carreira - São Paulo
14-fevereiro-2011
Adolfo, fazendo uma forçinha vai lembrar. Me lembro perfeitamente daquele rapaz sério, ñ nos víamos c frequência, admirava seu pai Seu Albino, sua mãe D. Alice. Era muito amigo do Altamiro , irmão e principalmente da Aimee Turbay; sempre me lembro e gostaria muito de ter notícias da mesma. Estudamos em Cianorte e sempre está vamos juntos. Era uma amiga.Sou Elizio Benedito Silva ( o mineiro, Aimee). Moro em Governador Valadares/Av. Minas Gerais 1001/centro. Qdo passarem por aqui, apareçam. Quero notícias. Abçs.ou
Oi Adolfo,fui aluna da America, no G.E.Itacilina Bitencourt, me sentava na mesma carteira da Aimee, sim por que na época as carteiras eram de dois lugares, ela era uma garota muito meiga e caridosa, gostava muito dela, tanto que coloquei o nome da minha filha de Ayme, diferente um pouco, em homenagem a ela, gostaria muito de saber dela, Ha, fui aluna da Antomilda tambem, e trabalhei com o Dr.Guerino Nardo, bela época . Hoje estou em Maringá a 42 anos
ELA ESTÁ NO FACEBOOK, NEUZA
DIGITE: AIME TURBAY
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