sábado, 24 de outubro de 2009

FELIX ANTONIO LUCAS

FELIX ANTONIO
LUCAS


Amizade
A internet trouxe a mim uma mensagem que fala de velhas amizades.
Em principio achei muito bonita. Veio acompanhada de uma música. Confesso que fiquei tocado, muito embora eu tenha uma idéia diferente sobre amizade.

Entendo amizade, quando sincera, imortal. Ela não acaba nunca. O máximo que pode acontecer com uma amizade verdadeira é ela hibernar. Permanece ali no nosso íntimo e a qualquer tempo,quando incitada, ressurge em todo o seu esplendor.

Exemplos recentes reforçam este meu pensamento. Em julho de 2007, em Curitiba, reencontrei amigos que não via há 20 anos (Cidinha e Silviano Câmara), 30 anos ou mais Cláudio Stocco, Terezinha Códolo, Katia Bonini, Edilucia e outros).

A sensação que tive foi de que não houve quebra da força da amizade. Foi como se no dia anterior eu estivesse na república ao lado da casa da Katia, vendo Seu Bonini, Dona Oscarina, Seu Loreto. O Vavau ali na borracharia dizendo bom dia e eu indo rua acima em direção ao trabalho, encontrando, no caminho, Seu Albino Turbay, Seu Estevam Ribeiro do Valle, meu compadre Lino Varella,TiBrun, Marcão, Zé Rubens e outros amigos que não vejo há tanto tempo. Alguns, eu sei, não mais verei. Então, a prosa teve seqüência com o mesmo carinho e com a intimidade de sempre.

No Encontro em julho de 2008, em Cianorte, quando espero reencontrar tantos outros queridos amigos já antevejo continuidade, simplesmente continuidade do estanque tempo nas conversas que darão seqüência àquelas de 30 ou mais anos atrás.
Claro, à parte correram os anos. Eu, por exemplo, sai de Cianorte, onde casei com a Cidinha Parisotto e onde nasceu nossa primogênita Estella, no ano de 1974. Rodamos o Brasil, sempre em busca
de melhoras na carreira profissional. Moramos no Pantanal matogrossense (Poconé). Altamira, no Para. Em Belém nasceu nossa segunda filha Daniella. Retornamos ao Paraná e em Guairá, em 1978, nasceu nossa caçula, Isabella.
Vida de bancário pode ser muito nômade. A minha foi. De Guaíra fomos para Rondon, de 82 a 85, e dali fomos para o nordeste, Maceió. Em 1990, eu e Cidinha decidimos encerrar nossa sociedade conjugal.

A partir dessa época, as meninas ficaram com a mãe e eu, mesmo a distância, continuei, à maneira do possível, o mais próximo que podia das filhas. Depois de exercer funções de gerência, passei por Florianópolis, Aracaju, Salvador, como Gerente de Núcleo de Auditoria do Banco do Brasil. Na boa terra pedi minha aposentadoria. Na
verdade mudei de profissão. De bancário, aposentado com mais de 30anos de serviço, retornei à profissão primeira: marcenaria. Quase oito
anos mais na ativa.

Minhas filhas são um caso à parte. Sou um pai babão, apaixonado
por elas e delas somente recebo amor e motivos de orgulho. Assim como o pai, também são ciganas, desassombradas, desde cedo acostumadas a desbravar mundos novos que poderiam ser pomares, barrancos, lagartos, vistos pelos seus olhos infantis como enormes florestas e montanhas habitadas por bichos grandes e assustadores.

Adultas, continuam desbravando mundos desconhecidos. Hoje Estella, após alguns anos em Londres, mora em Itapema (SC), Daniella em Toronto (Canadá) e Isabella nos Estados Unidos. Das três somente a Isabella é casada, há um ano e pouco. Ainda não coloquei um neto no colo. Isso acontecerá na hora certa.
Quando isso ocorrer, o (os) levarei para o cantinho que escolhi para
viver o meu agora. Vai ser farra da boa. Muita praia, pescarias,guloseimas, jogos ( de correr, futebol, queimada – coisa da antiga
mesmo, nada de videogame ). Não quero nem saber, os pais que
eduquem! Nós, as crianças, vamos curtir muito! Meu endereço atual no povoado Miai de Cima (alguma coisa perto de 500 habitantes, em Coruripe, Alagoas, é: seguir em frente na rua principal (existem duas) Antes de cair no mar, vire à direita. Você estará em casa. E será sempre bem vindo.
E o tempo continuou passando...

Sempre gostei de viajar e faço isso de carro, porque gosto do vento na cara. Quando em casa, virei pescador. Coloco a jangada no mar, molinete, algumas iscas e muitas cervejas. Volto a tempo de assar o pescado na brasa da casca de coco. Gosto muito de cozinhar e de futebol. Continuo o mesmo Corinthiano roxo de sempre. Solidão?
Que nada! As filhas sempre que podem me visitam. Tenho vários “pariceros” nativos, uma coleção de ETs e tantos outros amigos em vários cantos do Brasil. Sempre tem alguém comigo. Deus sempre.

Continuo gostando de pintura e, às vezes, de escrever e estas são rápidas pinceladas sobre minha vida. O resto da historia a gente continua naquele papo descontraído que iniciamos agora há pouco.

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